HELIANA BARRIGA | Norte
- Patrick Lima

- 4 de set.
- 2 min de leitura
Autora, Compositora, Apresentadora de Espetáculos Infantis, Sanfoneira, Poeta.
Poeta e escritora das infâncias, com raízes nordestinas, inaugurou a Série Acalanto da Editora FTD-SP nos anos 1980 com “A Abelha Abelhuda” e “A Perereca Sapeca”. Autora de 57 livros e 10 álbuns fonográficos, destaca-se também como cordelista com obras como “Matinta Perera (2013)” e “Infâncias Cabanas (2023)”. Embaixadora das Infâncias de Belém-PA, é captadora de sons da Floresta Amazônica, brinquedista, multi-instrumentista e performer poética. Foi homenageada na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, reafirmando seu papel como referência na arte e na cultura amazônica.
Contatos:
(91) 99310.3453 | @heliana154
Cordel que muda de cor
O vento me dá a flor
Que pede carona a ele
Vem girando em meu redor
Vai arrepiando a pele
De quem sabe ver a cor
Que o sol trás no ventre dele.
Dizem que cor é ilusão
No arco-íris no alto
Chega eu sinto um sobressalto
Assustando a amplidão
Sete cores me alimenta
A arte que vem e arrebenta
Tudo em mim acomodado
E se eu dormir de lado
Acordo em ponta cabeça
Que eu aqui não esmoreça
E dê conta do recado.
Ninfa chorou nove dias
O abandono do sol
Deus na cor botou o anzol
Tangendo melancolias
Ensaiando maestrias
Inovou no firmamento
Sem usar ferro ou cimento
Construiu os nossos sonhos
Que são doces ou medonhos
Mas enrica o pensamento.
Deusa Íris desfilou
Sete cores no caminho
Visitou trocentos ninhos
De colorir não cansou
Deixou no final um pote
Para os mais poetizados
Horizontes encarnados
Colecionou nos poentes
Nas frescuras dos nascentes
Deixou róseos aflorados.
A ninfa de amor morrido
Depois de chorar por nove
Nove vezes que comove
O espectro sortido
Virou uma flor amarela
Que quem se espanta por ela
Segue o sol no seu tormento
De colher sangue do vento
E soprar pra flor solteira
Que faz a maior besteira
De seguir seu movimento.
O sol mudando de tino
Foi a lua engravidando
E no firmamento dando
A luz pro feto destino
E a lua de sol no hino
Atraiu flor amarela
Que da noite mais singela
Pegou na coruja o voo
E com todo o seu enjoo
Tornou a noite mais bela.
A madrugada com insônia
Faz força pra ser aurora
Fica segurando a hora
Nos rios da nossa Amazônia
Nisso brota Boto Rosa
Na pele fina do rio
Que jurou ser mais macio
Na revolta do remanso
Você me dá beijo manso
E seu amor vivencio.
HELIANA BARRIGA | Norte


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