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NILZA DIAS | Sudeste

Nilza Dias é cordelista, professora e escritora, nascida em Guarujá/SP e criada no interior da Bahia, onde se enraizou na tradição da cultura popular. Autora de quase duas dezenas de títulos, destaca-se por recriar clássicos literários em cordel e por dar voz à força feminina em sua poesia.

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Nilza Dias nasceu em Guarujá/SP em 1963, e foi criada no interior baiano onde bebeu na fonte da cultura local com destaque para a Literatura de Cordel. Radicada na Grande São Paulo (1996), graduada em Pedagogia e Letras, é professora da rede pública.


Como cordelista, tem quase duas dezenas de publicações como Multidão Solitária, Luas de Mulher, A Lenda da Cachorra Helena, Ditos Populares em Cordel, dentre outras, de uma versão rimada do romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, pela Editora Florear Livros( PNLD de 2024) e uma, ainda no prelo, do romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, (Coleção Clássicos em Cordel).


Contatos:

  • @nilza.dias2018

  • nilza2013.dias@gmail.com





CAÇA ÀS BRUXAS Caça às bruxas não passou

De grande desfaçatez,

De perseguição atroz,

Cúmulo de estupidez,

A verdade é que a mulher

Não podia era ter vez.


Sob o estigma de bruxa,

Foram tantas inocentes

Que morrem torturadas

Pelas mãos dos inclementes

Água, fogo era o destino

Das mulheres diferentes.


Então entraram na lista

Quem tinha propriedade,

Um bom rancho, boa água

Ou com grande habilidade,

As bonitas também eram

Alvo da grande maldade.


Mandavam para fogueira

A mulher que aparecesse

Por sua capacidade,

Seu valor recrudescesse,

Logo era determinado

Que no fogo perecesse.


Muita alta, muito magra

Ou muito rica também,

Se acaso nascesse ruiva

A vida não ia além,

Diziam, pois, que era a luta

Do grande mal contra o bem.


Uma marca de nascença,

Dom com fitoterapia,

Aquela introspectiva

Certamente perecia,

Por se mostrar muito estranha

Ao que a época exigia.

Mas outras habilidades

Também eram perseguidas,

Aquelas ágeis na dança

Ligeiro eram percebidas,

Tinham seu fim decretado,

Portanto, estavam perdidas.

Mulheres com boa voz

Que gostassem que cantar,

Os olhos vis do terror

Passavam a avaliar,

Com ímpeto de maldade

Faziam a voz calar.

Sendo atiradas na água

Para serem afogadas,

Mas se soubesse nadar

E emergissem, as coitadas

Não escapavam, pois tinham

Veredito de culpadas.

Outra forma de matá-las

Era jogar de um penhasco,

Ou por num buraco fundo,

Não faltava era carrasco!

Relembrar esse período

Provoca ojeriza e asco.

Que essa minha reverência

Vá o mais longe que puder.

Transforme em reparação,

Cuja lembrança requer.

O mundo não queimou bruxa,

O mundo queimou mulher!

NILZA DIAS | Sudeste






CORDEL DE MULHER - NILZA DIAS

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